Descoberta a super secreta operação de desinformação russa

Imagem: Graphika
O grupo de pesquisa Graphika, que estuda as media sociais, publicou um relatório de 120 páginas, expondo a pouco conhecida força-tarefa moscovita, ativa desde 2014 e dedicada à criação de escândalos políticos na Europa e na América do Norte.

Com base de relatórios publicados pelo Reddit e pelo Facebook em 2019, bem como por meio de um estudo preliminar do Laboratório de Pesquisa Forense Digital do Atlantic Council (Atlantic Council's Digital Forensic Research Lab) Graphika conseguiu rastrear mais de 2.500 materiais, distribuídos on-line pela “Secondary Infektion” desde 2014.
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A maior parte do material abordou os seguintes tópicos principais:
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- A Ucrânia é um estado falido e um parceiro não confiável;
- Os Estados Unidos e a OTAN são estruturas agressivas que interferem nos assuntos de outros países;
- a Europa é fraca e dividida;
- Os críticos do governo moscovita são loucos moralmente corruptos, dependentes de álcool ou apenas pessoas mentalmente instáveis;
- Os muçulmanos são conquistadores agressivos;
- O governo moscovita é vítima de hipocrisia ou conspiração ocidental;
- Eleições ocidentais são fraudadas e candidatos que criticaram o Kremlin são inelegíveis;
- A Turquia é um estado agressor e desestabilizador;
- As competições desportivas mundiais são desonestas, não profissionais e russofóbicas.

Graphika relata que a maioria desses materiais foi usada para atacar oponentes políticos clássicos de Moscovo – como Ucrânia, Estados Unidos, Polónia, Alemanha e outros países onde a influência de Moscovo estava diminuindo ou está sendo ameaçada.
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Graphika também relata que a “Secondary Infektion” publica o seu conteúdo não apenas em inglês. Ela adaptou cuidadosamente os materiais para cada objetivo e os distribuiu nos idiomas locais. No total, os pesquisadores encontraram materiais que foram publicados em sete idiomas (sem uma expressão significativa em português).
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“Secondary Infektion” difere significativamente da Internet Research Agency (IRA), o conhecido grupo de trolls de São Petersburgo que interveio nas eleições presidenciais americanas em 2016. Diferentemente da IRA, que funcionava principalmente para criar uma divisão no nível dos cidadãos comuns, a “Secondary Infektion” deveria influenciar as decisões nos níveis mais altos dos governos estrangeiros, tentando influenciar decisões políticas, criando narrativas falsas, incitando os países ocidentais uns contra os outros e desacreditando políticos anti-moscovitas por meio de artigos falsos e documentos falsificados.

“Esses materiais falsos geralmente expõem alguns escândalos geopolíticos dramáticos. Por exemplo, os casos de corrupção de um conhecido crítico do Kremlin ou os planos secretos dos Estados Unidos de derrubar governos pró-Kremlin em todo o mundo”, afirmou a equipa de Graphika.

A “Secondary Infektion” conduziu suas operações especiais durante as eleições presidenciais na América em 2016, bem como as eleições na França em 2017 e na Suécia em 2018. No entanto, nunca foi o principal objetivo interferir nas eleições.

A Graphika relata que o grupo moscovita “exacerbou as divergências entre os países, tentou virar polacos contra alemães, alemães contra americanos, americanos contra britânicos e absolutamente todos contra ucranianos”.

Outra característica que distingue “Secondary Infektion” da Internet Research Agency é que a IRA operava principalmente nas redes sociais e SI publicavam mais material em blogs e sites de notícias.

A Graphika relata que encontrou conteúdo publicado em mais de 300 plataformas. São gigantes das redes sociais como Facebook, Twitter, YouTube e Reddit, e plataformas de blogs como WordPress, Medium e até fóruns de nicho no Paquistão e na Austrália.
Além disso, os pesquisadores da Graphika relatam que «Secondary Infektion» conseguiram manter o segredo da sua verdadeira identidade, dado que presta muita atenção à segurança operacional. Assim os operacionais da SI usam contas únicas para praticamente tudo o que distribuem on-line, deixando cada conta menos de uma hora após a distribuição do conteúdo.

Essa abordagem dificultou a construção de um público estável ao «Secondary Infektion», mas permitiu realizar suas operações durante anos sem divulgar sua infraestrutura, métodos de ação e objetivos.

Devido ao facto de ainda não ter sido possível identificar claramente os operativos concretos do grupo «Secondary Infektion» há uma suspeita de que o grupo continua conduzindo suas operações clandestinas, inflamando os conflitos entre os oponentes de Moscovo e do Kremlin.

Super secretive Russian disinfo operation discovered dating back to 2014:
https://www.zdnet.com/article/super-secretive-russian-disinfo-operation-discovered-dating-back-to-2014/

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