Não atraiçoar Ucrânia face ao agressor russo

O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, explica porquê a ideia de “pacificar” Putin significa fazer cedências ao agressor, a tática que nunca funcionou para paz ou reconciliação, provocando apenas a maior agressão por parte do Kremlin.

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The head of Ukrainian diplomacy, Dmytro Kuleba, explains why the idea of “pacified” Putin means making assignments to the aggressor, the tactic that never worked for peace or reconciliation, provoking only the largest aggression from the Kremlin. 

Teses-chave:

Não devemos “cair” nos ultimatos ilegais e chantagem de Moscovo contra Ucrânia em relação à aderência à NATO;

A história prova que o não alinhamento da Ucrânia ou do qualquer outro país da Europa Central e do Leste em nada satisfaz os apetites do Putin, apenas os aguçando;

Facto histórico, Ucrânia, de facto e de jure era um país não-alinhado em 2014, mas isso, de forma alguma dissuadiu o Putin de atacar o país, nem impediu a consequente eclosão da guerra e a ocupação dos territórios ucranianos pela Rússia;

A mesma lógica se aplica à ideia das concessões no âmbito dos acordos de Minsk, incluindo as exigências do “diálogo direto” entre Ucrânia e os territórios ocupados de Donetsk e Luhansk;

O exemplo da Moldova. O país concordou com um diálogo direto com os separatistas de Transnístria, na esperança de que isso vai ajudar a resolver o conflito e restaurar a integridade territorial. Em 1994, pelo mesmo motivo o país abandonou o rumo de adesão à NATO. Resultados? Três décadas do “conflito congelado”. As tropas russas continuam estacionadas na região separatista de Transnístria;

A conclusão lógica: quaisquer cedências ao agressor nunca levaram ao bom fim, não é um caminho valido para a paz e reconciliação, apenas leva a uma maior agressão;

Ucrânia insta Ocidente a não repetir os erros de 2014, quando a resposta a agressão russa foi muito tardia e bastante fraca;

A única estratégia certa é agir de uma posição de força e implementar o pacote abrangente de contenção, proposto pela Ucrânia e dividido em três níveis: político, económico e de segurança;

Não aceitar e não rejeitar os ultimatos Putin. Ele precisa de um de dois resultados. Ou obter concessões ou criar um mito ideológico para o consumo interno de “recusa flagrante do Ocidente na questão da extensão da NATO”, que quer usar como a base ideológica para justificar uma nova invasão da Ucrânia;

A resposta estratégia certa aos ultimatos é ignorá-los. Continuar as negociações intermináveis sem sucumbir à pressão Putin à Ucrânia e à NATO, fortalecendo Ucrânia politicamente, economicamente e no âmbito de segurança;

Fazer tudo isso até o momento em que equilíbrio de forças será tal que Putin simplesmente não terá a opção de invasão militar. Quando esse nível for atingido, haverá uma janela de oportunidade para uma solução política e diplomática justa na região ucraniana de Donbas, e eventualmente, a adesão da Ucrânia à UE e à NATO;

A principal mensagem: garantir a paz através da força. As concessões não vão ajudar, ajudará apenas a força. Concessões não funcionam, a resistência funcionará.

O público estrangeiro, principalmente Ocidental, deve perceber que ninguém deverá ficar tentado à resolver os problemas criados pela Rússia, às custas da Ucrânia.

Don’t Sell Out Ukraine: https://www.foreignaffairs.com/articles/ukraine/2021-12-10/dont-sell-out-ukraine

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